Friday, July 20, 2012

JANTARES E MASSAGENS ÍNTIMAS (TUDO GRATUITO)

Creio que não recordo o nome do restaurante mas a cena fazia lembrar a do "o golpe publicitário" do Pingo Doce. À porta um cartaz enorme (tipo outdoor) que dizia "Jantares e massagens íntimas, tudo à borla". Foi logo pela manhã ainda o sol mal acabara de nascer.

A notícia espalhou-se como quem sente um tremor de terra. A cidade estremeceu de espanto. Um jantar e ainda por cima uma massagem, tudo à borla! Algumas sirenes de bombeiros tocaram, os sinos de algumas igrejas não pararam de tocar. Duas senhoras que passavam na Rua Augusta para comprar pulseiras em prata e platinum, de repente ouviam os diálogos "Viste amor, tudo à borla, não queres ir lá?), e largavam  a correr na direcção do Lamborghini, aliás mal estacionado. Até o homem-estátua na quietude e arte da sua condição, colocou os ouvidos alerta e quando percebeu do que se tratava saiu também a correr, desta vez na direcção do metro do Rossio. Em minutos a entrada do restaurante encheu-se de multidões. Algumas enfurecidas ponteavam-se para obterem os primeiro lugares. Das avenidas novas já lá estavam quase todos, deixando as avós a cuidar dos respectivos netinhos. Até um senhor da Quinta do Lambert perguntava incrédulo a uma cantadeira de S. Marta do Tornozelo: "Será mesmo verdade minha cara senhora, um jantar íntimo e massagem tudo à borla"? E ela lá lhe ia respondendo "Sim, ponha-se mas é na bicha senão ainda leva um pontapé nos tomates, seu velho pervertido!" E o velhote quase empedernido nos seus 97 anos, colocou-se no seu lugar na longa fila que já passava da esquina daquela rua com mais de 20 km de comprimento (a da República, do Arco Cego?).

Ao fim de duas horas quase metade de Lisboa lá estava postada à porta do Restaurante. Viam-se os primeiros a sair, a maioria deles com um largo sorriso no rosto e alguns comentários brejeiros "oh que pernas ela tinha, e aquele corpete, oh pá que coisa quando ela despiu as calcinhas e foi ali mesmo entre bocados de gamba estofada e um tantra bem mexido...E tu pá, não pareces muito satisfeito?". "A mim calhou-me uma gordinha, era linda de morrer mas enfiou o meu c. lá dentro e em seguida com um golpe tantra que eu desconhecia, apertou-me os c. com a sua c. (tipo CCC percebes?), que ainda não auscultei se os tenho bem no lugar onde estavam. Aquilo era tantra mas a mim pareceu-me o inferno de Dante".


Senti curiosidade ao passar de novo por lá, eram perto das 19 horas (os assalariados vieram todos depois do trabalho), e perguntei a um deles já bem comido: "Amor, desculpa e elas quantas são? Devem ser também milhares a fazer o jantar e a massagem, devem estar estafadísismas, e tudo sem pagar?"."É mesmo minha cara senhora, vá lá pôr-se na bicha, pode ser que elas ainda a possam atender e depois vai ver como elas estão, cansadas mas calmíssimas. E tudo à borla".
Volvidas algumas horas o gerente veio finalmente ter com a multidão e de megafone em punho, um ar sorridente e até feliz, gritou em jeito de palavra de ordem: "A pagar nunca mais!".E voltou para dentro para servir novas iguarias e apalpar docemente a escort que se encontrava mais a jeito.

No dia seguinte houve uma greve geral, muito mais geral do que as outras, mas os dirigentes sindicais foram os primeiros a lá chegar. Sentados à porta do restaurante, eram cerca das 4 da manhã ("Viemos de uma reunião e estamos aqui a fazer tempo").
Até o Palácio de Belém fechou. "Onde vai Sr. Presidente". E o Presidente sorriu meio comprometido. Hoje não é dia de Carnaval, eu apenas disse que encerrava os feriados de Carnaval!" e lá se foi a rir meio sisudo.




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